segunda-feira, 18 de junho de 2012

Saúde oral nos bebés


Saúde oral nos bebés
Por Helga Leite, Especialista em Odontopediatria (Policlínica S. Pedro da Malveira)

Mesmo antes da erupção do primeiro dente de leite, muito pode ser feito em prol de uma dentição saudável e harmoniosa 


Apesar de as bactérias responsáveis pela cárie dentária só aparecerem com a erupção dos dentes, a implementação de hábitos de higiene oral no bebé facilita a posterior intervenção na boca da criança e cria hábitos de higiene espontâneos na idade adulta.


Antes da erupção dos dentes de leite a boca, língua e gengivas do bebé devem ser limpas com a ponta de uma fralda ou compressa embebida em água previamente fervida ou em soro fisiológico. Após cada mamada, os resíduos de leite deverão ser delicadamente removidos com a fralda ou compressa.

Com a erupção do primeiro dente, institui-se o início da escovagem, com recurso a dedeira ou escova infantil adaptada à idade. A pasta dentífrica só deve ser usada sob orientação do odontopediatra (a imaturidade da deglutição pode fazer com que o bebé ingira doses de flúor tóxicas para a sua saúde e dos seus dentes definitivos). Também sob orientação do odontopediatra, deverá iniciar-se o uso de fio dentário adaptado à idade. 


A escovagem nocturna (antes de deitar) é de extrema importância, uma vez que durante o sono o fluxo salivar diminui, favorecendo a rápida instalação de cárie. A alimentação nocturna da criança (seja leite materno ou não) seguida do sono, sem a devida higiene, induz a chamada “cárie de biberão”. Esta doença afecta mais de metade das crianças com idades compreendidas entre os dois e os quatro anos de idade, tem evolução muito rápida, causa muita dor e danifica todos os dentes da criança, provocando mau hálito, dificuldades na mastigação e na fala, além de comprometer a estética. 


O primeiro indício de cárie são pequenas manchas brancas opacas, maioritariamente não detectadas pelos pais. Perante estas manchas, a criança deve ser observada pelo odontopediatra.


Transmissibilidade de cárie. Enquanto doença transmissível, exige da parte dos pais e adultos em contacto directo com o bebé, mudanças de comportamento: está contra-indicado os beijos na boca do bebé, soprar a comida para arrefecer, partilhar copos e talheres. Assim, após a erupção dos dentes de leite (quando as bactérias adquiridas por contacto, se fixam nos dentes favorecendo o desenvolvimento de cáries) já terão sido implementados hábitos correctos.


Amamentação. O exercício produzido pela amamentação é o primeiro responsável pelo crescimento harmonioso da face e desenvolvimento normal da dentição. O exercício produzido pela sucção no biberão é praticamente nulo). Além disso, a amamentação no peito permite completa selagem labial, estimulando a respiração nasal do bebé, que é imprescindível para o normal desenvolvimento ósseo, bem como para evitar certas doenças respiratórias, como amigdalites e pneumonias. 


A sucção no biberão não produz selagem labial completa, permitindo assim a respiração pela boca; este tipo de respiração pode ter como consequências: maxila estreita, mordida cruzada posterior, mau hálito, sono agitado e postura corporal incorrecta.


O adequado crescimento dos maxilares propicia um melhor alinhamento dentário, diminuindo a probabilidade de necessitar de futura intervenção ortodôntica (aparelhos de correcção). O normal desenvolvimento dos músculos oro-faciais favorecerá a fala. 


Chupeta. Deve ser utilizada descontinuamente e por períodos curtos. Um tempo diário de sucção superior a seis horas é considerado excessivo. Até ao seu terceiro aniversário (no máximo), a criança deve estar completamente livre da chupeta. Se, antes dos três anos de idade, são observadas alterações induzidas pela chupeta (por exemplo, mordida aberta), o seu uso deverá ser interrompido o mais cedo possível.  


A sucção de chupeta aumenta a flacidez dos músculos das bochechas, lábio e língua, dificultando a deglutição e mastigação de alimentos mais consistentes. A fala também é comprometida, já que a criança não terá força muscular para produzir alguns sons (por exemplo, troca o “R” pelo L”). 

Consultas
A primeira visita ao odontopediatra poderá fazer-se logo após o parto, no sentido de incentivar a mãe à amamentação, transmitir noções de higiene oral do bebé, de como prevenir a transmissão de cárie e esclarecer sobre as patologias mais frequentes em bebés. No entanto, o mais frequente é sugerir à mãe que traga o seu bebé, com seis meses de idade, à primeira consulta de odontopediatria.

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